Uma viagem ambiciosa inicia-se sempre com dúvidas. Como será o caminho? Como iremos enfrentar as adversidades e os obstáculos? Chegaremos nós ao destino desejado? Valerá a pena o esforço? Chegados ao fim dos 3 anos de contrato com o WTCC só há uma conclusão a tirar… Valeu muito a pena!
Depois de 3 anos a receber o mundial de turismos e 2 anos a receber a taça europeia de turismos, podemos afirmar sem qualquer dúvida que o nome Vila Real ficou estabelecido e que é agora olhado com respeito, admiração e… alguma cobiça.
No primeiro ano tivemos a possibilidade de ver novas máquinas a percorrer o asfalto transmontano e nesse mesmo ano a organização do campeonato ficou impressionada. “O WTCC apaixonou-se por Vila Real”, dizia François Ribeiro, no final da primeira experiência na “Bila”. A exigência do traçado, aliada ao esforço e dedicação da organização, fizeram do fim de semana um sucesso, mas o grande segredo foi a paixão dos que se deslocaram para ver as corridas. Uma paixão única, que caracteriza o povo português e que foi transmitida aos responsáveis de forma inequívoca .
Uma paixão que ficou reforçada no ano seguinte quando Tom Coronel e Tiago Monteiro, provavelmente dois dos nomes mais queridos dos fãs, venceram as duas corridas, assim como o filho da terra Manuel Pedro Fernandes, no ETCC. Um fim de semana perfeito a todos os níveis e que teve o seu ponto mais alto com “A Portuguesa” a ser entoada a plenos pulmões por um mar de gente, que quis aclamar Monteiro, naquela que ele considerou uma das maiores vitórias da sua carreira.
2017 prometia ser mais desafiante. 2016 foi tão grandioso e tão marcante que se pensava que não poderia ser melhor. Mas a organização continuou a melhorar, o WTCC (que se pensava estava a caminhar para o seu fim) apresentou um campeonato renhido, imprevisível e mais que isso, quis fazer história em Vila Real com a introdução da Joker Lap (que muitos duvidavam, de forma legitima). Mais um enorme desafio a nível organizativo, que levou a um esforço extra com a mudança de última hora e que obrigou muita gente a trabalhar até horas indecentes, mesmo depois de muitos dias de trabalho extenuante (muitos mesmo).
Eram vários os pontos de interrogação, mas mais uma vez Vila Real foi… Vila Real. A cidade encheu-se para ver as corridas, puxar por Monteiro e Manuel Pedro Fernandes, que voltava a ficar associado à história do circuito, participando no WTCC. Manuel Pedro não repetiu o brilharete do ano passado, nem ninguém lhe exigia isso, mas fez vibrar os muitos fãs que o apoiaram incondicionalmente (falaremos disso em pormenor). Monteiro não venceu, mas fez duas provas espectaculares, Rob Huff e Fábio Mota mostraram que afinal é possível ultrapassar num traçado citadino desde que haja talento, garra e determinação. E no final, quando muitos pensavam que não seria possível, um novo mar de gente para celebrar com os pilotos, mostrar a paixão pelas corridas e cantar novamente “A Portugesa” com alma, mesmo sem um português ter vencido ( dois portugueses nos pódios do ETCC e WTCC não é mau negócio)
Estava atrás do pódio, numa zona mais reservada onde os responsáveis pela organização da prova e do campeonato se encontravam e vi a felicidade no rosto de todos e a expressão de François Ribeiro ao ver o que se passava: “Unbelievable”, murmurou ele para alguém que o acompanhava.
A história do circuito de Vila Real é grandiosa e este ano escreveu-se mais uma página de ouro, num livro repleto de momentos inesquecíveis. Mas agora Vila Real tem um presente do qual se pode orgulhar muito e um futuro que pode encarar de forma risonha.
A dedicação, competência e trabalho duro de toda a organização local e a forma única de sentir estes momentos por quem vive na cidade e quem vem ver as corridas, são os segredos do sucesso que se espera possa continuar. Uma coisa é certa… Vila Real voltou ao que era e ao que deveria sempre ter sido.
Fábio Mendes
Chicane Motores / Purple Profile – New Media Agency
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